Olá, pessoal.
Aproveitei alguns dias de folga, que aliás, fizeram muito bem para a minha cabeça e tomei uma decisão importante: fiz uma mudança radical na minha forma de investir e vendi todas as ações da minha carteira.
Antes de falar sobre essa virada, quero compartilhar um breve resumo da minha trajetória como investidora.
Comecei a investir em 2018, quando conheci a Bastter.com e a filosofia Bastter de acumular patrimônio. Passei uma semana mergulhada nos materiais do site: lendo, assistindo vídeos, entendendo conceitos. Logo fiz minha assinatura, escolhi alguns ativos, organizei tudo no Bastter System e, por três anos, aportei mês a mês no ativo que estava para trás na carteira.
No início de 2021, porém, comecei a olhar para minha carteira e sentir que ela não evoluía. E olha que eu tinha empresas de qualidade: Wege, Engie, RD Saúde, Fleury, Porto Seguro, Lojas Renner, EzTec, entre outras. O problema estava na pulverização. Eu tinha mais de 25 ativos e, com investimentos pequenos em cada um, mesmo que uma empresa duplicasse de valor, o impacto no meu patrimônio era mínimo.
Diante disso, decidi mudar. A partir de 2021, aos poucos, vendi empresas como RD Saúde, Lojas Renner e migrei para outras "pagadoras" de dividendos. Considerei uma escolha acertada.
Minha rentabilidade não empolga, mas ao menos os proventos mensais traziam alguma sensação de evolução, já que eram reinvestidos em novas ações.
Não pretendo entrar na eterna discussão sobre vantagens e desvantagens dos proventos. Cada investidor enxerga o mercado à sua maneira e tudo bem.
Também não estou desmerecendo a filosofia Bastter, da qual gosto muito, especialmente o Bastter System.
A verdade é que eu me cansei. Cansada de acompanhar resultados trimestrais, ler fatos relevantes e assistir videoconferências. E, sim. Parte disso é consequência de ter mais de 90% do patrimônio em renda variável.
Além disso, existe a complexidade da declaração do imposto de renda: juros sobre capital próprio, dividendos, bonificações, créditos em trânsito… É um emaranhado de informações que rouba tempo e paciência.
Então, decidi simplificar. Quero mais tempo para viver as coisas boas da vida.
Cada vez mais, sinto que o modelo de carteira da Aposentada aos Trinta faz sentido para mim. Antes, eu via os proventos como uma renda futura complementar. Mas, com o Tesouro Renda+, isso mudou: agora posso planejar um fluxo de renda por 20 anos, de forma clara e previsível.
E o risco Governo? E a inflação? E se o Real deixar de existir?
Bem… considerando que estarei mais velha no futuro, se o Brasil acabar, esse será o menor dos meus problemas.
Meu objetivo, portanto, é construir uma carteira inspirada no modelo da Aposentada aos Trinta.
Resumo do modelo:
1 - Reserva de emergência em CDB com liquidez diária
2 - CDBs que paguem ao menos IPCA+5% (ou LCIs/LCAs pagando IPCA+4%)
3 - Tesouro Direto pagando IPCA+5% ou mais
4 - ETF de bolsa americana com dólar (IVVB11 ou CSPX para quem investe lá fora)
Hoje, minha carteira está assim:
1 - Nenhum investimento;
2 - Nenhum investimento;
3 - Invisto no Tesouro Renda+ Aposentadoria;
4 - Nenhum investimento.
Também passei a olhar com mais atenção para ETFs de acumulação. Acredito que um ou dois ETFs sejam suficientes para compor a parte de renda variável, reduzir complexidade, garantir retorno no longo prazo e, acima de tudo, me permitir uma vida mais leve.
Agora, a pergunta inevitável: o que eu fiz com o valor da venda das ações?
Sendo bem sincera, eu não acompanho o mercado de renda fixa a fundo. Quase tudo que sei, aprendi com o Bastter:
- Curto prazo, Tesouro Selic.
- Longo prazo, Tesouro IPCA+
E, em meio a essa mudança toda, ainda veio a notícia da liquidação do Banco Master, deixando mais de 1,5 milhão de investidores dependendo do FGC para recuperar aplicações em CDBs que prometiam mais de 140% do CDI.
Por isso, para não cometer nenhum erro por impulso, estou inclinada a alocar tudo provisoriamente no Tesouro Selic enquanto estudo com calma as próximas decisões.
Sim, eu poderia comprar mais títulos do Renda+ e travar uma taxa de IPCA+6,84%. Mas isso me deixaria concentrada demais em Tesouro IPCA+, sujeita à marcação a mercado e, no fundo, não seria tão diferente da concentração que eu já tinha na renda variável.
Por enquanto, meu foco é simples. Aprender mais sobre ETFs e renda fixa, continuar aportando, organizar minha declaração de IRPF, porque vendi muitas ações e, a partir de 2026, com mais tranquilidade, estruturar minha carteira no modelo Aposentada aos Trinta.
Para aqueles que não estão familiarizados e possuem interesse na estratégia de investimentos da Aposentada aos Trinta, a ordem de leitura é:
- Tudo que você precisa saber sobre investimentos
- O básico do básico sobre investimentos
- O mercado de ações sempre sobe
- Os juros sempre caem
- O problema de investir via fundos
- A melhor estratégia para quem não tem estômago para as oscilações de mercado
- Porque eu não invisto no Ibovespa
- Por que eu não invisto em fundos imobiliários
- A melhor carteira de investimentos de todos os tempos
- Por que o Renda+ permite aumentar a taxa segura de retirada (no momento)?
Um abraço
Grande mudança! Enorme!
ResponderExcluirEu não sairia copiando carteira da internet, dei uma lida no artigo da aa30, não achei grande coisa, tem que montar de acordo com o teu perfil, tenha uma carteira que esteja adequada aos seus objetivos.
No geral renda fixa BR é muito top, esse problema do banco Master é raro, na realidade foi crime nesse caso né, fraudaram tudo, mas tirando esses criminosos, tesouro SELIC rendendo muito, os IPCA também, é um ótimo momento pra travar taxas acima de 6% com o menor risco do mercado.
Muito sucesso pra você!
Compreendo sua perspectiva, Bolívar.
ExcluirReplicar uma carteira da internet pode ser um equívoco. Contudo, o que me atrai na estratégia da AA30 é a sua "simplicidade".
Estou ciente de que não há fórmulas mágicas nos investimentos e que os aportes regulares e o horizonte de longo prazo são os principais pilares para a construção de patrimônio.
No momento, pretendo implementar apenas uma parte do modelo de carteira da AA30. Já possuo investimentos em Tesouro IPCA+. Meu próximo passo é incluir um ETF para substituir as ações que foram vendidas, mas farei isso sem pressa. Investimentos em CDBs, LCIs e LCAs serão considerados em um momento posterior.
De fato, o ocorrido com o Banco Master foi um ato criminoso e suspeito que seja apenas o começo.
Um abraço e obrigada.
Pelo menos vendeu em um momento que a bolsa está no topo histórico.
ResponderExcluirJoga tudo no tesouro SELIC, e repense a carteira com calma. Eu sinto a mesma coisa, volta e meia dá vontade de vender tudo e aplicar em alguns poucos ETFs, igual tenho aquela carteira de estudo, ETFs da Paz, dá zero stress e tem dado ótimo retorno. https://investidor10.com.br/carteira/184345/
Mas não é uma decisão fácil, não acho errado pulverizar a carteira, nem ter poucos ativos bons pagadores de dividendos, só são estratégias diferentes, mas no final parece que tudo vai pro mesmo resultado, desde que mantenha a disciplina e siga uma estratégia, com o tempo todos dão certo, até mesmo investir somente em renda fixa, é uma opção.
Abraços!!
Olá, bilionário.
ExcluirNão tenho certeza se a venda foi feita na alta histórica, pois parece que a bolsa continuará subindo. Rs...
Ainda não decidi onde investir, considerando que é um montante relativamente alto, mas o Tesouro Selic é a minha principal opção.
Recordo-me de ter lido algum comentário seu sobre vender tudo para investir em ETFs. Sobre a sua carteira de estudo, com apenas dois ETFs, você obteve uma rentabilidade maior que muitos investidores, inclusive eu (rs...).
Isso mesmo. Diversificar ou concentrar são apenas estratégias distintas, e o resultado virá de aportes regulares e do investimento a longo prazo. Eu apenas estou me sentindo exausta de gerenciar muitos ativos, especialmente considerando o retorno modesto que tenho obtido.
Já visitei o site da Investo, e eles oferecem uma vasta gama de ETFs. Percebi que a taxa de administração de muitos ETFs deles está na faixa de 0,30% a 0,50%.
Abraços
Renda fixa é um nome terrível que surge pelo brasileiro estar vivendo o fim de um ciclo. Só existe renda variável e empréstimo de longo prazo em moeda sem lastro é a renda mais variável possível.
ResponderExcluirVocê viveu sua vida na era MUNDIAL dos juros reais POSITIVOS. Ao falar os juros SEMPRE CAEM, a APOSENTADA pega em 95. A história dos juros do Brasil não começa em 95! Se você conversasse com uma pessoa em 1979 ela falaria que o Brasil (e o mundo!) SEMPRE tiveram juros reais NEGATIVOS. SEMPRE! Foi assim que a LATAM pegou empréstimo com o FMI.
Você está no fim de um ciclo e não percebe. A mudança será explosiva. Tem que ser, sempre é. Voce será surpreendida por Juros reais absurdamente negativos que vão descer de elevador e subirão de escada aos poucos pro resto da sua vida.
Mas não vai saber que juros reais pegaram o elevador para o resto da sua vida até ser tarde demais. O banco vai saber antes de você. IPCA não vai corrigir isso. Juros Reais são uma caixa preta impossível de ser aberta. Nós sacudimos a caixa com um método, depois com outro, mas ela NUNCA será aberta. É uma estimativa. E tudo vai conspirar, com ou sem malícia, para estimar o pior para o mais fraco (você). Você será a ultima a saber que as coisas mudaram. Ninguém vai querer tirar da sua mão o seu papel de empréstimo podre.
Isso é muito importante para você que está planejando no longo prazo. Não é questão do país acabar. O país vai continuar. Vai continuar até melhor depois de drenar seu dinheiro.
Eu ainda sou jovem, não vivi esse tempo difícil, mas é interessante seu comentário, fui pesquisar um pouco mais, achei alguns textos interessantes:
Excluirhttps://www.paulogala.com.br/breve-historico-da-taxa-de-juros-real-no-brasil-2/
https://www.cnnbrasil.com.br/economia/macroeconomia/muita-politica-e-pouca-intervencao-por-que-o-plano-real-deu-certo-e-os-outros-nao/
A impressão que tenho que o valor da moeda é em parte baseado em confiança, quando ninguém confia no governo/país, a moeda perde o valor muito rápido.
Agora eu fiquei na dúvida, no caso de títulos do governo, atrelados a inflação, poderia me explicar de que forma um título que paga IPCA+7% vai ter juro real negativo?
Obrigada pelo comentário, Anon.
ExcluirNas últimas semanas tenho visto algumas pessoas escrevendo sobre “juros reais negativos”.
Eu ainda não acompanho o mercado de renda fixa tão de perto e, como comentei no meu post, estou aprendendo sobre o assunto agora. Por isso, comentários como o seu, que levantam pontos importantes, são muito bem-vindos e me ajudam a estudar com mais foco.
Pelo que entendi da sua explicação, existem três ideias principais:
- Desde os anos 80/90, Brasil e mundo entraram em uma fase de maior estabilidade econômica, com juros reais positivos na maior parte do tempo (especialmente no Brasil);
- Antes dessa fase, quando a inflação era descontrolada, era relativamente comum termos juros reais negativos;
- Os juros reais negativos acontecem quando a inflação sobe mais rápido, ou se mantém mais alta do que os juros definidos pelo Banco Central. Isso reduz o poder de compra de quem investe em renda fixa, funcionando como uma espécie de “confisco silencioso”.
Pensando nisso, percebo que o maior risco para mim no Tesouro Renda+ estaria na data de conversão, quando começam os pagamentos mensais por 20 anos. Até essa data, eu ainda teria a possibilidade de vender o título no mercado, o que reduz um pouco o risco.
Também é importante lembrar que o modelo de carteira da AA30 não depende apenas do Tesouro Direto: ele também inclui exposição ao dólar, o que ajuda a diversificar.
Obrigada pelo seu comentário. Ele realmente me ajudou a entender melhor o tema e a orientar meus próximos estudos.
Abraços
Bilionário, eu também não vivenciei esse tempo difícil.
ExcluirO período que o Anon cita (anos 70 e início dos 80) foi marcado pela estagflação, um cenário complexo para a economia. Alta Inflação + Baixo Crescimento/Alta do Desemprego. Aparentemente, foi um período de juros reais frequentemente negativos ou muito baixos em muitos países.
Anon, eu também compartilho da mesma curiosidade do Bilionário:
"Agora eu fiquei na dúvida, no caso de títulos do governo, atrelados a inflação, poderia me explicar de que forma um título que paga IPCA+7% vai ter juro real negativo?"
Sobre IPCA
ExcluirNada funcionará corretamente quando o momento chegar. Os bens escolhidos para cálculo serão enviesados, os índices não serão calculados com exatidão, os órgãos responsáveis estarão sob pressão para distorcer os dados, sobrecarregados e sem recursos suficientes. Haverá muita defasagem.
Aliás, a Venezuela chegou a emitir títulos do Tesouro indexados à inflação, com base no Índice Nacional de Precios al Consumidor.
Não estou falando de uma possibilidade. Quando o momento chegar, como sempre, você vai perceber o problema da sua pergunta.
É preciso acordar e reconhecer em que ponto do ciclo econômico estamos. Os brasileiros atualmente têm dificuldade para entender que a taxa de juros real e a inflação não são grandezas naturais do mundo físico. Você não pega um paquímetro e mede a taxa de juros real. O valor verdadeiro da inflação só Deus conhece. IPCA é uma tentativa de aplicar uma metodologia para saber qual é a inflação.
O Tesouro não corrige com base no número verdadeiro da inflação calculado pelos anjos do Céu!
Quanto à exposição ao dólar:
ExcluirMais do que o Brasil, o perigo são os EUA.
Minha opinião.
O Brasil não vai virar Venezuela ou Turquia. Por vários motivos que não cabem aqui o Brasil não vai, por si só, começar a imprimir BRL.
Já os EUA vão imprimir dólares num ritmo alucinante e jamais visto. Ninguém vai parar esse trem, como diz Lyn Alden (leia ela caso queira entender).
E, quando os EUA começarem a fazer isso, todos os governos serão obrigados a seguir o mesmo caminho.
Não dá para explicar isso aqui.
Mas leve em consideração que eu, anônimo, já fiz meu FIRE e 100% em BTC. Você está conversando com alguém que te aconselharia a colocar 100% em BTC pelos motivos mencionados.
Porém no fim a diversificação que estou falando é para ativos reais que não podem ser inflacionados. Por isso acredito que você está errada em vender ações e ficar se fiando em empréstimos para o governo.
Papeis do governo era para comprar na baixa (anos 90), carregar 30 anos e "vender" na alta (provavelmente nossa época, quem sabe?).
Claro que não dá pra adivinhar isso de baixa e alta. Porém hoje é claramente um momento terrível para papeis do governo.
Esse é o motivo de ter enviado a mensagem. Você está largando o que talvez possa te salvar (ações "bostileiras", não as americanas. Será um ciclo de commodities. ) no fim de um show. No fim de uma era.
Pense em recomprar as ações bostileiras.
Por mais irônico que seja DIVERSIFICAÇÃO é importante. Se você falasse para mim que o que estou falando não vai acontecer por motivo X, é uma coisa. Que teremos mais 30 anos de "renda fixa" por causa de Y. Mas você está se colocando numa posição igual a de um BTC maximalista, focada em emprestar dinheiro pro governo por causa de dar muito trabalho? Pense bem.
Lembra, hoje você consegue vender tesouro de longo prazo no mercado. No cenário que estou falando, NÃO CONSEGUE! Carregar até o fim, receber migalhas.
Admiro a sua coragem, Poupadora. Vou continuar acompanhando a sua evolução e, por favor continue compartilhando a sua tragetória conosco.
ResponderExcluirOlá, Investidor+30
ExcluirNão foi uma decisão fácil de ser tomada. Ao iniciar as ordens de venda, senti um certo receio. Contudo, percebi que, a cada ano, meu interesse em acompanhar a carteira e o mercado diminuía, e meu cansaço aumentava. Diante disso, considerei mais adequado construir uma carteira de investimentos menos complexa e desfrutar mais do meu tempo livre com outras atividades.
Continuarei a compartilhar os resultados mensais.
Abraços